São só biscoitinhos de terra...


Opa! Calma, o acréscimo de manteiga e açúcar diferencia o principal alimento da população pobre do Haiti de um pedaço de tijolo.

Esta é a situação de grande parte dos haitianos, eles comem bolachas de terra com água contaminada para sobreviver. Contudo, o Haiti não começou a viver nessas condições somente após o terremoto de 12 de janeiro de 2010, que atingiu 7 graus na Escala Richter e matou mais de 200 mil pessoas. O país já era abalado pela miséria, exploração e imperialismo, que faziam dele um dos países mais pobres do mundo. A miséria é grande fonte de lucro do imperialismo, as multinacionais exploram a mão de obra haitiana, e os trabalhadores precisam aceitar os salários baixíssimos para não serem somados aos 80% de desempregados que vivem na pobreza extrema.

Mas e as tropas brasileiras? Somos induzidos a pensar em militares em missão de paz que ajudam a reconstruir o Haiti... Mas questionamos o papel desses soldados que parecem mais com tropas de ocupação servindo ao imperialismo. Afinal, em quase 6 anos de ocupação não fizeram nada que melhorasse a situação social do país. Com mais de 3,5 BILHÕES de dólares, disponibilizados pela ONU para a ocupação militar nesses anos, e com um investimento do governo brasileiro em mais de 600 milhões de dólares com as tropas, não aceitamos a desculpa de falta de recursos para a construção de hospitais, escolas, ampliação do sistema de esgotos ou abastecimento de água, seria o mínimo.

Depois de um terremoto como esse, o que a população haitiana precisa? Eles precisam de comida, de água, de médicos, enfermeiros, bombeiros... Mas o Governo brasileiro e o Governo norte-americano enviaram mais militares. Na justificativa de conter o caos, eles levam mais repressão a um país que precisa de ajuda humanitária.

Para sustentar e explicar a ocupação, é reproduzida uma ideologia da incapacidade dos haitianos de governar a si mesmos, a informação contrasta com o histórico de um país que já foi um grande exportador de açúcar, e um povo que conseguiu realizar a primeira e única revolução de escravos vitoriosa (séc. XVIII). A situação de extrema pobreza não
é fruto da incapacidade dos haitianos, mas de séculos de imperialismo e exploração.

O Centro Acadêmico de Serviço Social, em solidariedade ao povo haitiano, diz não à ocupação militar de tropas brasileiras e internacionais no Haiti. Para nós, solidariedade não é ocupação. O povo haitiano precisa de comida e ajuda médica, não de armas e militares. Junte-se a nós em uma campanha de solidariedade e fortalecimento das lutas dos trabalhadores haitianos!


Por Ana Carolina, estudante do IV Período de Serviço Social da UFRN.

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