CARTA ABERTA - BASTA DE OPRESSÃO!

Universidade Federal do Rio Grande do Norte
É chegado o momento de dizer BASTA!




“Afirmar-se como lésbica é uma identidade política que transcende a “identidade 
sexual” e, portanto, constitui uma ação política para desconstrução da 
heterossexualidade compulsória e da heteronormatividade que se manifestam, 
por exemplo, na imposição da maternidade como obrigação e não como opção” 
(CFESS Manifesta – Visibilidade Lésbica Brasília, agosto de 2009.)



O dia 21 de fevereiro, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte realizou uma festa para  recepcionar seus calouros. Entretanto,  sobre o evento, não  foi noticiado fatos que de alguma  maneira representasse as “boas vindas” ao público alvo da instituição supracitada. Duas estudantes foram agredidas  por estarem exercendo seu  direito a livre manifestação de carinho, uma pela outra. Jovens machistas e  lesbofóbicos – não identificados pela  UFRN  - não aceitaram a demonstração de afeto das companheiras e partiram para a brutalidade, violentando verbal e  fisicamente as garotas. 

Sobre o ocorrido, o reitor, Ivonildo Rêgo, divulgou apenas uma nota repudiando a agressão, se esquivando mais uma vez, de olhar para os problemas que atingem a comunidade universitária. A posição da reitoria em divulgar apenas uma nota, sem  buscar os reais culpados pela agressão sofrida é uma atitude lamentável e que deixa a desejar, pois qualquer expressão de  carinho, independente da orientação sexual das estudantes, deve ser respeitada e garantida pela universidade. Além de não  investigar o caso com maior afinco, a reitoria perpetua uma posição machista que deve ser combatida dentro da  universidade e dá de ombros para a discussão da homofobia/lesbofobia/transfobia dentro do campus universitário,  demonstrando que seu real interesse está bem longe das reais e urgentes necessidades dos estudantes.

Se o art. 5º da Constituição Federal é claro: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à  segurança e à propriedade”, que “direito” é esse que impede as pessoas de se expressarem livremente? Que “liberdade” é  essa que reconhece apenas a heterossexualidade compulsória como forma de amar, instituída por um sistema de dominação  ideológico perverso?  O produto desta sociabilidade nós já conhecemos. São pessoas que negam a diversidade sexual, que, sobretudo, impõem a  intolerância, a violência psicológica e física resultando, cotidianamente, na impunidade. 

E este, infeliz e vergonhoso fato é o  que assistimos nas calouradas da UFRN, festa que deveria servir como uma boa recepção. Como se não bastasse, ainda  somos espectadores de uma reitoria machista que se omite frente a casos graves, incentivando ainda mais o preconceito.

Nós do Centro Acadêmico de Serviço Social/UFRN solicitamos à reitoria informações sobre como  o caso está sendo  solucionado e quais as medidas  educativas e  preventivas  que  deverão ser tomadas contra  a  homofobia/lesbofobia/transfobia dentro da UFRN. Entendemos que naturalização e banalização do preconceito e da discriminação devem ser fortemente combatidas dentro  do espaço universitário. Não queremos que o fato se repita dentro da nossa universidade e partimos em defesa da liberdade  da orientação e expressão sexual.

BASTA DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER! BASTA DE LESBOFOBIA! PUNIÇÃO E EXPULSÃO AOS AGRESSORES! PELO FIM DA  OPRESSÃO! PELA CRIMINALIZAÇÃO DA LESBOFOBIA/HOMOFOBIA/TRANSFOBIA! NÃO NOS CALAREMOS!


Centro Acadêmico de Serviço Social - UFRN
Gestão 2010/2011: "Se muito vale o já feito, mais vale o que será!"






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A comunidade universitária da UFRN ficou perplexa diante dos fatos ocorridos na festa dos/as calouros/as, realizada em 21 de fevereiro do corrente. Duas alunas, mulheres e lésbicas, foram violentamente agredidas por rapazes. As agressões físicas aconteceram na Praça Cívica do Campus. Há indícios que os agressores são estudantes desta universidade. O casal de alunas foi desrespeitado com provocações, insultos, empurrões e violentas agressões físicas.
O Núcleo Tirésias e o GUDDES realizará debate sobre "Diversidade sexual na UFRN", dia 25/03 (sexta-feira), às 15h00, auditório B (CCHLA).
Um abraço,
Berenice Bento
Coordenadora do Núcleo Tirésias

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