Homenagem do CASS ao Dia Internacional da Mulher

08 de março, um dia de luta para as mulheres


   08 de março, dia internacional da mulher, marco histórico na luta das mulheres trabalhadoras. Estabelecido pela ONU, este dia costuma ser comemorado com flores, presentes e propagandas governistas que exaltam as conquistas e o bem-estar das mulheres. Na verdade, mais uma oportunidade de movimentar o comércio e homenagear as mulheres de tal forma que o 8 de março raramente é lembrado como um dia de luta. O CASS/UFRN, sempre combativo ao racismo, machismo e homofobia, não poderia deixar que uma data de tamanha importância histórica para a luta das mulheres passasse em branco:

   O Brasil vivenciou um momento histórico nas últimas eleições para presidente, Dilma Rousseff foi eleita a primeira mulher a assumir a presidência do país, com aprovação de mais da metade da população, foi também a presidente que mais nomeou ministras em toda a história do país. Nós, mulheres norte-rio-grandenses e moradoras de Natal vivemos ainda outro marco histórico: em nível estadual e municipal somos também governados por mulheres. Rosalba e Micarla seguem suas respectivas gestões disputando os maiores índices de rejeição. Para as mulheres, estudantes da UFRN, a particularidade é ainda maior, temos na administração da nossa Universidade duas mulheres: as professoras Ângela Paiva e Fátima seguem seus respectivos mandatos dando continuidade a implementação das políticas nacionais para educação que sucateiam a Universidade e não atende as demandas reais dos estudantes, principalmente daquelas que são mães e trabalhadoras.

Portanto, convidamos você a refletir: Mulheres no poder governam para mulheres? As mulheres eleitas por trabalhadores e trabalhadoras mudam a vida das mulheres? As trabalhadoras têm melhores condições de vida sendo governadas por outras mulheres?

Não podemos negar que o fato das mulheres estarem no poder, já é uma vitória da luta destas, isso significa que rompemos com a submissão e opressão e que agora, podemos ocupar espaços que antes eram destinados somente aos homens. No entanto, quando as mulheres assumem o poder da mesma forma que os homens, quando elas não estão atreladas as necessidades da classe trabalhadora, mas sim aos interesses da burguesia, essas mulheres não governam para as mulheres trabalhadoras, não governam em nome da classe trabalhadora. Dilma, por exemplo, durante o seu mandato abriu mão da discussão sobre a legalização do aborto, bandeira antiga do movimento feminista, em função da bancada religiosa do congresso. Aqui na UFRN, por exemplo, não temos creches em tempo integral para @s filh@s das mulheres que são mães e estudantes, as vagas do NEI (Núcleo de Ensino Integral) diminuíram em pelo menos 14% segundo o relatório do plano de desenvolvimento institucional da reitoria, apesar do crescimento de 72% das vagas na UFRN nos últimos 10 anos. Como pode em uma Universidade administrada por duas mulheres, estudantes serem obrigadas a abandonar seus cursos por não terem onde deixar seus filhos? As bolsistas que engravidam não tem direito a licença maternidade, auxílio maternidade, nem ao menos fraldários temos na Universidade. Ano passado duas meninas foram agredidas por um homem, supostamente estudante da UFRN, durante a Calourada geral por estarem namorando e até hoje, nada foi feito, nenhuma providência de punição ao agressor e nenhuma medida de segurança para as mulheres em festas posteriores.

Portanto, de que vale estar no poder, se essas mulheres não governam em prol das trabalhadoras? Existem mulheres que exploram e existem mulheres que são exploradas. Certamente uma moradora de Felipe Camarão, bairro aqui de Natal, não vive da mesma forma que Micarla de Sousa, que além de sucatear cada vez mais as creches de Natal, não garante nas poucas que existem, alimentação para as crianças! Certamente Micarla não levanta cedo para pegar transportes coletivos lotados! Certamente Rosalba não vive com o salário vergonhoso que as professoras e professores da rede estadual recebem e com ele são obrigados a sobreviver! Dessa forma, as mulheres no poder não exercem o poder das mulheres, mas da burguesia.

Nós, mulheres, oriundas da classe trabalhadora, temos que nos unir e lutar diariamente contra o machismo e a opressão em todas as esferas da nossa vida: em casa, no trabalho, na universidade, na fila do banco, no movimento estudantil, em qualquer lugar. Não podemos nos entregar a sorte e esperar que a presidente, a governadora, a prefeita ou a reitora elaborem e implementem políticas que facilitem as nossas vidas. Somos minoria entre os brasileiros que possuem carteiras de trabalho registradas e quase metade dos que estão inseridos no mercado informal, ocupamos as profissões mais desvalorizadas socialmente e recebemos os menores salários. Quando falamos sobre violência, somos as principais vítimas do machismo. 

A violência machista mata 10 mulheres a cada dia, atinge a todas as mulheres, mas tem consequências mais graves nas mulheres trabalhadoras que dependem da Lei Maria da Penha, que apesar de aprovada há cinco anos, ainda não funciona como deveria. Somos campeões no índice de mortalidade por questões maternas, seguimos em 9º lugar no ranking mundial, mais de 1 milhão de abortos são feitos por ano e mais de 150 mil mulheres morrem ou ficam com sequelas graves. Nos últimos dias foi anunciada a media provisória que garante a mulher grávida que não mora próximo ao lugar onde será realizado o parto, a doação de R$ 50 para que ela possa se deslocar até a maternidade, além disso, todas as mulheres com suspeita de gravidez que forem atendidas em unidades de saúde devem ser cadastradas em uma lista que não tem outra explicação, há não ser o controle das grávidas e a criminalização daquelas que optarem pelo aborto.

Para fomentar ainda mais esse debate o CASS, junto com o grupo de estudos feministas da Pós-Graduação em Serviço Social da UFRN, o CAHIS (Centro Acadêmico de História), o CAENF (Centro Acadêmico de Engenharia Florestal) e a ANEL (Assembleia Nacional de Estudantes – LIVRE) realizaram um debate em comemoração ao 08 de março. Tendo como tema “Machismo e Opressão: a violência contra a mulher no capitalismo”.

O CASS/UFRN – Gestão 2011/2012, segue combativo a toda e qualquer forma de opressão.

Contra o machismo e a opressão: LUTA MULHER!

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